Escolas e indivíduos: Lamarck vs Darwin
No âmbito das comemorações do 40º aniversário do Ar.Co, prossegue
na próxima sexta-feira, 15 de Novembro, pelas 18.30h, no Pequeno
Auditório da Culturgest, o ciclo de conferências dedicado à Ciência.
António Coutinho formou-se em medicina na Universidade de Lisboa (1970),
doutorou-se em Microbiologia Médica e fez a sua agregação em Imunologia
no Instituto Karolinska em Estocolmo (1974). Trabalhou depois,
sucessivamente, na Suiça, Suécia, França e Portugal, em investigação e
ensino da biologia e medicina; formou 30 estudantes de doutoramento e
publicou cerca de 500 artigos científicos; é Professor Catedrático
Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Dirigiu o Instituto Gulbenkian de Ciência de 1998-2012 [onde criara
(1993) o programa de Doutoramento em Biologia e Medicina], sendo hoje
membro da sua Comissão de Gestão. É membro dos Conselhos de Curadores
das Fundações Champalimaud (Portugal) e António Prudente (Brasil), e
coordenador do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.
António Coutinho é membro de várias sociedades científicas, serviu como
Presidente da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa e em numerosos
outros conselhos científicos, editoriais e de “policy-making” na Europa,
na América e no Japão; as suas contribuições foram distinguidas com
prémios (Fernströmska da Universidade de Umea; FEBS Anniversary;
Gulbenkian de Ciência e Tecnologia; Behring-Metchnikoff da Sociedade
Francesa de Imunologia; Lacassagne do Collège de France; Universidade de
Lisboa) e honras (Comendador da Ordem do Cruzeiro do Sul, Brasil;
Chevalier de la Légion d’Honneur, França; Grande Oficial da Ordem do
Infante D. Henrique, Portugal; Medalha de Ouro de Mérito, da Câmara
Municipal de Oeiras).
O Ciclo “Ciência das Imagens / Imagens da Ciência” contará ainda com a intervenção de Thiago Carvalho (6 de Dezembro).
Pequeno Auditório da CULTURGEST
Rua Arco do Cego 1, Campo Pequeno, 1000, Lisboa
Sextas-feiras às 18h30 · Entrada gratuita
Levantamento de senha de acesso 30 minutos antes do início da sessão, no
limite dos lugares disponíveis. Máximo: 2 senhas por pessoa.
Informações | 21 790 51 55 |
culturgest.bilheteira@cgd.pt
Ciclo de conferências | Comemorações do 40º aniversário do Ar.Co | Pequeno Auditório da Culturgest
Na sua tentativa de definir e distinguir o trabalho criativo da arte, da
ciência e da filosofia, Gilles Deleuze e Félix Guattari sugerem que
estas disciplinas procedem a uma luta comum. Lutariam não apenas contra a
opinião mas contra o cortejo das opiniões propriamente artísticas,
científicas ou filosóficas, contra a Urdoxa de cada uma das disciplinas.
Que o discurso científico, no caso específico que aqui se destaca, possa
interessar uma escola de arte não tem, verdadeiramente, nada de
estranho. Trata-se de satisfazer a sede de todos aqueles que procuram,
para além do que é corrente, o que é vital. Que objetos mentais nos
surgem como poderosos ou belos se não forem ‘determináveis como seres
reais’, se não constituírem imagens ‘recortadas no caos’ – corpos
compostos a partir da variabilidade infinita à qual foram, literalmente,
conquistados? Não é certamente com as mesmas ferramentas que arte e
ciência procedem a essa conquista. Mas ao fazê-lo, partilham a mesma
alma, estão expostas à mesma força: a alma é cérebro, a força é cérebro.
Manuel Castro Caldas, Ar.Co-Centro de Arte e Comunicação Visual
In defining creative works of art, science and philosophy, Gilles
Deleuze and Félix Guattari suggest that these disciplines are fighting a
common battle against the Urdoxa peculiar to each of them. It’s not odd
for scientific discourse to interest an art school. The mental objects
we see as powerful or beautiful are ‘identifiable as real beings’,
images ‘carved out of chaos’ – bodies deriving from the infinite
variability from which they were hewn. Art and science don’t use the
same tools, but share the same soul, are exposed to the same force: the
soul is the brain, the force is the brain.
Imagem: Jorge Nesbitt, 2013, a partir de “Diagrama da Consciência”,
gravura, edição de 1629 de Robert Fludd, "Utriusque cosmi... Historiae".